sexta-feira, 27 de abril de 2012

O conceito do continuum - a importância da fase do colo

A antropóloga americana Jean Liedloff estudou a tribo venezuelana dos Yequana e defende que para conseguir um desenvolvimento físico, mental e emocional ótimo, o ser humano e especialmente um bebê, necessita o tipo de experiências às quais a nossa espécie se adaptou durante uma longa evolução. Para uma criança são: constante contato físico com seu cuidador desde o nascimento, dormir com os pais até deixar de fazê-lo por vontade própria, amamentação a livre demanda, ser levado constantemente nos braços ou de maneira que possa observar a atividade do adulto, ter cuidadores que respondam aos seus sinais imediatamente sem julgá-la e finalmente, sentir que cumpre as expectativas dos pais, que é bem-vindo e digno. Segundo Liedloff, as crianças cujas necessidades "continuum" forem satisfeitas crescerão com maior auto-estima e serão mais independentes.

Nos dois anos e meio que morei entre os índios da idade da pedra na selva sul-americana – não consecutivos, mas sim em cinco expedições distintas com muito tempo entre elas para refletir – cheguei a compreender que a natureza humana não é o que nos fizeram acreditar. Os bebês da tribo Yequana, longe de precisarem de paz e tranquilidade para dormir, tiravam uma soneca tranquilinhos enquanto os homens, mulheres ou crianças que os carregavam dançavam, corriam, andavam ou gritavam. Todas as crianças brincavam juntas sem brigar ou discutir e obedeciam aos mais velhos no mesmo instante e de bom grado.
A essa gente nunca lhes passou pela cabeça a idéia de castigar uma criança e, no entanto, seu comportamento não deixa entrever permissividade nenhuma. Nenhum moleque faz escândalo, interrompe os outros ou espera que um adulto lhe mime. Aos quatro anos, contribuíam mais com as tarefas do lar que davam trabalho elas mesmas.

Os bebês nos braços quase nunca choravam e era fascinante comprovar que não agitavam os braços e as pernas, não arqueavam as costas nem flexionavam as mãos e os pés. Permaneciam sentados nos slings ou dormiam encostados nos quadris do seu cuidador, desmentindo deste modo a crença de que os bebês precisam mover-se e flexionar as extremidades para exercitar-se. Também observei que não regurgitavam a não ser que estivessem muito doentes e que também não tinham cólicas. Quando se assustavam nos primeiros meses de engatinhar, não esperavam que ninguém acudisse correndo, ao invés disso, iam sozinhos em direção à mãe ou cuidador em busca dessa sensação de segurança antes de seguir com suas explorações. Inclusive sem supervisão, nem os menorzinhos se machucavam.

Será que sua natureza humana é diferente da nossa? Algumas pessoas assim o creem, mas evidentemente só existe uma espécie humana. Que podemos aprender, então, da tribo Yequana?

Antes de tudo, podemos tentar compreender o poder educativo do que eu chamo da “fase do colo”, que começa no momento do nascimento e termina quando o bebê começa a mover-se, quando pode afastar-se do seu cuidador e voltar quando queira. Essa fase consiste, simplesmente, em que o bebê tenha contato físico durante as 24 horas com um adulto ou criança mais velha.

A princípio, vi que essa experiência tinha um efeito extraordinariamente benéfico para os bebês, que não eram tão difíceis de tratar. Seus suaves corpinhos se adaptavam a qualquer postura que fosse cômoda para quem o levasse. Em contraposição a esse exemplo, vemos a incomodidade dos bebês que, com sumo cuidado, dormem no berço ou no carrinho. Bem agasalhados, se encontram lá jogados e rígidos, com o desejo de abrigar-se a um corpo vivo e em movimento: o lugar que lhes corresponde por natureza. Um corpo, em definitivo, que pertence a alguém que acreditará no seu choro e aliviará o seu anseio com braços afetuosos.

Por quê nossa sociedade é tão incompetente? Desde a infância, nos ensinam a não acreditar nos nossos instintos. Condicionados para desconfiar do que sentimos, nos persuadem para que não acreditemos no choro de um bebê que diz: “ Me pega no colo!”, “Quero estar com você!”, “Não me deixe!”. Em lugar disso, recusamos a idéia da resposta natural e seguimos os preceitos da moda que são ditados pelos “especialistas” no cuidado infantil. A perda da fé em nossa experiência inata nos leva a pular de um livro a outro, à medida que vão fracassando todas e cada uma das modas passageiras.

É essencial entender quem são os verdadeiros especialistas. O segundo especialista em cuidado de bebês reside no nosso interior, assim como em cada ser vivo que, por definição, deve saber como cuidar de sua cria. É claro que o maior especialista é o próprio bebê, programado durante milhões de anos de evolução para demonstrar seu temperamento com sons e gestos quando gosta do cuidado que recebe. A evolução é um processo de perfeição que “afinou” nosso comportamento com uma precisão magnífica. O sinal do bebê, a compreensão deste por parte dos que o rodeiam e o impulso a obedecê-la formam parte do caráter da nossa espécie. Nosso intelecto presunçoso demonstrou-se mal preparado para advinhar as autênticas necessidades do bebê. A pergunta costuma ser: “Devo pegar o bebê quando chora?”, “Devo deixar chorar um pouco antes de pegâ-lo?” ou “Deveria deixar que chore para que saiba quem manda e não se torne um tirano?”.

Nenhum bebê concordará com essas imposições. De forma unânime nos fazem saber através de gestos e sinais que não querem que lhes façamos dormir e lhes ponhamos no carrinho. Como essa opção não foi muito defendida na civilização ocidental atual, a relação entre pais e filhos acabou marcada por essa confrontação.

O jogo se centrou em como fazer o bebê dormir no berço, mas nunca se debateu se é preciso respeitar ou não o choro do bebê. Apesar de que o livro de Tine Thevenin, The Family Bed (A Cama Familiar), entre outros, abriu a brecha com o tema de que as crianças durmam com seus pais, não se abordou com claridade suficiente o princípio mais importante: “Atuar contra a natureza como espécie conduz irremediavelmente à perda do bem-estar”.

Então, uma vez que compreendamos e aceitemos o princípio de respeitar as expectativas inatas, poderemos descobrir com exatidão quais são essas expectativas. Em outras palavras, saberemos o que é que a evolução nos acostumou a experimentar e sentir.

A Função Educativa

Como cheguei à conclusão de quão importante é a fase do colo para o desenvolvimento de uma pessoa? A primeira coisa que vi foi como era feliz essa gente nas florestas da América do Sul com seus bebês penduradinhos no corpo e, pouco a pouco, fui relacionando esse fato tão simples com a qualidade de vida. Mais tarde, cheguei a certas conclusões a respeito de como e por quê é essencial o contato contínuo com o cuidador na fase pós-natal do desenvolvimento.

Por um lado, parece que a pessoa que carrega o bebê (normalmente a mãe durante os primeiros meses e depois uma criança de 4 a 12 anos que devolve o bebê à mãe para que esta lhe alimente) está servindo de base para as experiências posteriores. O bebê participa passivamente nas corridas, passeios, risadas, bate-papos, tarefas e brincadeiras do cuidador que o carrega. As atividades, o ritmo, as inflexões de linguagem, a variedade de vistas, noite e dia, a variação de temperatura, secura e humidade, além dos sons da vida em comunidade, formam a base para a participação ativa que começará aos seis ou oito meses, com o arrasto, a engatinhada e depois o passo. Um bebê que passou todo esse tempo deitado no berço, olhando o interior de um carrinho ou o céu, terá perdido a maior parte dessa experiência essencial.

Devido à necessidade que a criança tem de participar, é muito importante que os cuidadores não fiquem olhando pra ele ou perguntando constantemente o que querem, mas sim que deixem que eles mesmos tenham vidas ativas. De vez em quando, não podemos resistir a dar-lhes um monte de beijos, no entanto, uma criança que está acostumada a ver passar a vida agitada que levamos se confunde e se frustra quando nos dedicamos a contemplar como ele vive a sua. Um bebê que não fez mais que contemplar a vida que vivemos, se submerge na confusão se lhe pedimos que seja ele quem a dirija.

Parece que ninguém se deu conta da segunda função essencial da experiência da fase do colo, inclusive eu mesma, até meados da década de 60. Esta experiência dota os bebès de um mecanismo de descarga do excesso de energia que não são capazes de fazer por si mesmos. Nos meses anteriores a poder mover-se sozinhos, acumulam energia mediante a absorção do alimento e a luz solar. É então quando o bebê necessita o contato constante com o campo energético de uma pessoa ativa que possa descarregar o excesso de energia que nenhum dos dois utiliza. Isso explica porque os bebês Yequana estavam tão relaxados e porque não ficavam rígidos, davam chutes ou arqueavam as costas.

Para oferecer uma experiência ótima nesta etapa temos que aprender a descarregar nossa energia de maneira eficaz. Podemos acalmar mais rapidamente um bebê correndo com ele, dançando ou fazendo o que seja para eliminar o excesso de energia próprio. Uma mãe ou pai que tem que sair de repente para buscar alguma coisa não precisa dizer: ”Fica com o bebê que vou correndo até a loja”. O que tenha que sair que leve o bebê. Quanto mais ação, melhor.

Bebês e adultos experimentam tensões quando a circulação de energia nos seus músculos não flui bem. Um bebê cheio de energia acumulada não descarregada está pedindo ação: uma volta pela sala dando pulinhos ou uma dança agitada. O campo de energia do bebê aproveitará imediatamente essa descarga do adulto. Os bebês não são as pessoinhas frágeis que costumamos tratar com luvas de seda. De fato, se neste estágio de formação tratamos a um bebê como se fosse frágil, acabará acreditando que é fraco de verdade.

Como pais, podemos conseguir a destreza para comprender o fluxo de energia do nosso filho. No processo, descobriremos muitas mais maneiras de ajudá-lo a manter o suave tônus muscular do bem-estar ancestral e de proporcionar-lhe a calma e o conforto que necessita para sentir-se confortável nesse mundo.
Publicado originalmente na revista Mothering, edição do inverno de 1989 
Leitura:
- Continuum Concept, The – Liedloff, Jean. Perseus Books (1986).

http://www.continuum-concept.org/
Tradução de Bel Kock-Allaman

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Palmada não educa!



RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO

Atire a primeira pedra o pai ou a mãe que nunca pensou em jogar uma no seu filhote. Mas é melhor não. Vinte anos de pesquisas mostram: castigo físico não dá bons resultados.

Estudos em várias partes do planeta demonstram uma associação clara entre essa forma de punição e problemas como depressão, ansiedade e vícios, que podem começar na infância e se estender para a vida adulta.

Pesquisar o castigo corporal é um desafio. Em ciência, a metodologia mais usada é o estudo controlado aleatório: dois grupos recebem um ou outro remédio, por exemplo. Mas como fazer isso com palmadas? Um grupo de crianças apanha e outro não?

Por isso, são mais comuns os estudos "prospectivos": são estudadas crianças com níveis de agressão ou comportamento antissocial equivalentes no começo e analisada a progressão do comportamento. Ou "retrospectivos", baseados na memória.

Dois pesquisadores no Canadá --a psicóloga Joan Durrant, da Universidade de Manitoba, e o assistente social Ron Ensom, do Hospital Infantil de Eastern Ontario-- analisaram 20 anos dessas pesquisas, incluindo uma metanálise com mais de 36 mil participantes.

A conclusão de Durrant e Enson: "Nenhum estudo mostrou que a punição física tem efeito positivo, e a maior parte dos estudos encontrou efeitos negativos".

Mas será que isso vale para todo o planeta ou só para as sociedades mais tolerantes do Ocidente? Haveria o mesmo efeito em sociedades acostumadas a níveis altos de agressão no cotidiano, como a violência urbana do Brasil?

"Há uma suposição de que quanto mais comum é uma experiência, menor é o impacto nos membros do grupo que a experimentam. A pesquisa sugere uma resposta a essa questão. Crianças brancas, negras e hispânicas nos EUA, apesar de diferenças na prevalência do uso de castigo corporal, compartilham os mesmos riscos do seu uso", disse Ensom à Folha.

MUITA CALMA NESSA HORA

O que fazer quando dá “uma vontade de bater”

1. Não ceda às birras:
A Criança vai sempre testar a paciência dos pais até o limite. Se eles cederem uma vez, ela vai repetir o comportamento toda vez que quiser alguma coisa.

2. Explique:
Dê uma explicação clara e curta, sem estender-se demais e sem aumentar o tom de voz. Assim, os pais passam a mensagem de que eles estão no controle.

3. Saia de perto:
Se perceber que vai perder o controle, chame outra pessoa para segurar as pontas. Se não há ninguém, finja não dar atenção à criança: o silêncio dos pais já é uma boa forma de punição.

4. Avise sobre o castigo:
Diga à criança o que vai acontecer caso ela não obedeça: não vai jogar videogame, vai perder o passeio, vai ficar sem um brinquedo... E mantenha a sua palavra.

5. Relembre o motivo:
Se a criança obedeceu aos pais e se acalmou, explique novamente o que ela fez de inadequado e por que está sendo punida por aquilo – mas não retire o castigo.

QUEM APANHA MAIS

Os melhores estudos sobre a "prevalência da palmada" foram feitos nos EUA. Conhecendo os adolescentes, poderia se esperar que eles seriam os alvos mais naturais.

Mas são as crianças menores que mais sofrem castigo. "Nos EUA, quase todas as crianças da pré-escola levaram palmada. Provavelmente porque são ativas e inquisitivas e têm compreensão limitada de perigo ou das necessidades dos outros", diz Ensom.

Certo, qual a opção, então, ao tapinha "corretivo"? Os pesquisadores falam em "disciplina positiva". A autoridade dos pais continua existindo, mas sem violência.

"A disciplina positiva ensina pacientemente em vez de punir arbitrariamente. Se você espera que uma criança arrume seus brinquedos e ela foi lembrada de fazê-lo, mas mantém a TV ligada em vez disso, é razoável que os pais digam: 'Sem TV até você arrumar seu quarto'", exemplifica o pesquisador.

Bater em uma criança só a ensina a usar agressão, segundo outro pesquisador do tema, George Holden, da Universidade Metodista do Sul, de Dallas, Texas, sul dos EUA.

"Existe um debate sobre o fato de crianças serem menos afetadas pelo castigo se essa for uma prática aceita na sociedade em que ela está. Estudos descobriram que a frequência cultural do castigo é um 'moderador' dos efeitos", disse Holden à Folha.

Segundo Holden, que no ano passado coordenou uma conferência para promover o fim do castigo corporal, as palmadas são mais frequentes de dois a cinco anos.

"Alguns pais batem em crianças mais velhas, talvez 10%, e alguns continuam a usar o castigo corporal em adolescentes", diz ele.

O brasileiro apanhou muito quando era criança ou adolescente, mas os americanos apanharam mais.

Pesquisa de 2010 com 4.025 pessoas com mais de 16 anos em 11 capitais do país revelou que 70,5% sofreram alguma forma de castigo físico quando jovens. Já nos EUA, a porcentagem passa dos 90% --e fica em torno dos 10% na Suécia, segundo o cientista social Renato Alves, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP.

"É difícil fazer pesquisa com criança", diz Alves. Ainda mais porque os pais estão junto e eles podem estar castigando os filhos.

O tema afeta a delicada área dos direitos individuais e da intromissão do Estado na vida privada. Como demonstraram os debates no ano passado sobre a Lei da Palmada --projeto de lei para proibir castigos físicos em crianças e adolescentes, em tramitação no Congresso.
Há pais que defendem o direito de disciplinarem suas crias da maneira que bem entenderem. Mas defensores dos direitos humanos sustentam que eles "começam em casa". E, claro, há o fato de o Brasil ser signatário da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança.

Mas Alves diz que há pouca chance de a Lei da Palmada vingar. Ele nota a ironia: um adulto bater em outro é crime, mas um adulto bater na sua criança não é.

A Sociedade de Pediatria de São Paulo acaba de lançar o Manual de Atendimento às Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência. Na publicação, que será distribuída a profissionais, a entidade afirma que a violência doméstica começa com a palmada.

CHINELO E PAU

Dos brasileiros que afirmaram ter apanhado, a maioria --42%-- afirmou ter apanhado pouco; só 11,4% levavam tapa "quase todos os dias". O mais comum era levar palmada (40,1%), apanhar de chinelo (54,4%) ou de cinto (47,3%); só uma minoria corria riscos maiores ao apanhar de pau ou objetos semelhantes (12,2%). Claro, os percentuais passam de 100% porque os pais variavam a forma de castigar os rebentos...

terça-feira, 17 de abril de 2012

E o pediatra?

É interessante observar como algumas mulheres percebem o nascimento de seus bebês. Observo que há um grande investimento no parto. Técnicas de preparo corporal, vaginal. Pessoas especiais para acompanhá-las durante o trabalho de parto e parteiros dedicados a causa do parto natural. O que considero super apropriado. E o pediatra?

É claro que quando o parto transcorre sem anormalidades, o pediatra não terá um papel importante no parto. Poderá ajudar no acolhimento do bebê de forma suave. Mas não terá uma função médica, técnica importante. Mas assim como o pediatra nenhum dos profissionais contratados será de grande importância quando o parto transcorrer sem complicações.

É sobre este tema que faço esta reflexão. Já assisti vários filmes com depoimentos de profissionais do parto e de mulheres que diziam que um parto natural garante um nascimento tranqüilo e muita facilidade em lidar com o bebê. Será tão simples assim? Um parto natural gera uma mãe e um pai aptos e um bebê tranqüilo? Existe esta magia?

Na minha experiência, não. Já assisti a partos naturais lindos e sem complicações com um pós-parto complicado. Amamentação, bebês chorões, muita privação de sono são alguns dos componentes do pós-parto que podem ser bastante difíceis.

Por outro lado já assisti pais de filhos com cesariana indesejada que tiveram um pós-parto super tranqüilo. Não acredito que ter o parto desejado seja garantia do nascimento de um bebê fácil de lidar e é aí que o seguimento no pós-parto fará grande diferença. Mesmo com todas as surpresas que o nascimento pode trazer.

Acredito que meu trabalho seja este. Ajudar na constituição de uma família com pais empoderados. O empoderamento da mulher não se resume ao parto, ele se completa com o nascimento. E aí aparece a razão de ter um pediatra que auxilie neste processo. Este sim será meu papel caso não surjam questões durante o trabalho de parto e o parto, que solicitem uma intervenção mais técnica como cuidador do bebê.

Quando nasce um bebê nasce uma família. Nasce pai e mãe. Nascem avós, tios e aparecem várias opiniões conflitantes sobre o que é certo e errado. E fundamental auxiliar os pais nas escolhas que farão da forma como querem construir sua família. Cada um terá que abrir mão do modelo que conhece de família, para juntos construírem sua própria família. Sem imposições e sim sugestões de modelos adequados ao que acreditem ser o correto. E o fortalecimento dos pais para enfrentar toda a cobrança social que será feita, já que um bebê é visto como um bem público, todo mundo com direito de opinar.

Espero ser capaz de estar e ser presente...

Por Dr. Carlos Eduardo Corrêa, o Cacá.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

quarta-feira, 11 de abril de 2012

III Festival Centro da Terra para Crianças

de 7/4/2012 a 6/5/2012
sáb e dom, 2 sessões por dia, horários variados.

O Teatro do Centro da Terra será palco das apresentações do III Festival Centro da Terra Para Crianças, trazendo de 7 de abril e 6 de maio de 2012 20 apresentações gratuitas precedidas por uma Oficina de Artes (também grátis), ministrada pela escola de artes Grão do Centro da Terra, com temas inspirados nos enredos das montagens que as crianças irão assistir.

As apresentações são sempre aos sábados e domingos, com duas sessões por dia em horários variados, que devem ser consultados com atenção. As sessões são compostas de oficina e apresentação. A entrada é franca e os ingressos devem ser retirados na bilheteria no dia da apresentação, a partir das 12h, exceto nos dias 22, 28 e 29 de abril, quando a bilheteria abrirá às 09h.

A cada fim de semana entram em cartaz montagens diferentes, totalizando 20 apresentações gratuitas dos seguintes espetáculos:

O Ilha do Tesouro (Kompanhia do Centro da Terra)
Biliri e o Pote Vazio (Kompanhia do Centro da Terra)
Histórias por Telefone (Cia. Delas de Teatro)
Circo de Bonecos (Cia. Circo de Bonecos)
Circo de Pulgas (Cia. Circo de Bonecos)
Ciranda das Flores (Cia. Prosa dos Ventos)
As Velhas Fiandeiras (As Meninas do Conto)
A Lenda Mágica (Grupo Oculto do Aparente)
O Bobo do Rei (Cia. Vagalum Tum Tum)
Othelito (Cia. Vagalum Tum Tum)

O Festival é uma idealização da Kompanhia do Centro da Terra, patrocinado pela CAIXA Econômica Federal. A programação - voltada para crianças de 3 a 12 anos - é formada por espetáculos de sete renomados grupos paulistanos, sob curadoria de Luiza Jorge, responsável pelo prêmio FEMSA de teatro infanto-juvenil.

Vá conferir!!!

Acesse: http://www.centrodaterra.com.br/conteudo.asp?conteudoId=197


segunda-feira, 9 de abril de 2012

Linguagem de sinais para bebês diminui frustração

Antes de falar, bebês podem indicar se estão com fome, sede ou calor. Método é eficaz, mas só vale se não desgastar o vínculo entre mãe e filho.

Renata Losso, especial para o iG São Paulo 30/03/2012.

Ensiná-los a se comunicar é como ensinar a dar tchau.
Quando o bebê começa a chorar incessantemente, mães costumam agir por tentativa e erro até descobrir o que o aflige. Mas para Natália Sant’ana Hayashi, de 29 anos, essa dificuldade durou pouco. Por volta dos oito meses de idade, Bárbara, filha de Natália, era capaz de demonstrar o que queria usando linguagem de sinais. Nas últimas décadas, estudos científicos revelaram que os bebês, antes de aprenderem a falar, são capazes de se comunicar por meio de gestos e sinais com mais facilidade do que se imagina. Para a mãe, foi um alívio. Assim como para muitos pais norte-americanos.

Uma das pioneiras no assunto é Linda Acredolo, especialista em desenvolvimento infantil, cofundadora do Programa de Sinais para Bebês (Baby Signs Program) e coautora do livro “Sinais: A Linguagem do Bebê –Como se Comunicar com o Seu Bebê Antes que o Bebê Possa Falar” (M. Books). Em entrevista por e-mail, ela afirma que já existem mais de mil instrutores da linguagem de sinais para bebês nos Estados Unidos, além de representantes em diferentes países, dispostos a ensinarem mães interessadas.

Para Linda, além da comunicação, a linguagem de sinais para bebês reduz a frustração, mostra aos adultos que os bebês são mais espertos do que se imagina, enriquece o vínculo entre mãe e filho e promove um desenvolvimento emocional mais saudável. E não é complicado. “Ensinar sinais é como ensinar os bebês a acenarem ‘tchau’: uma simples ação combinada a uma palavra, que deve ser repetida consistentemente, muitas vezes e em diferentes situações”, diz.

Janaina Vessio, à época secretária bilíngue e hoje mãe em tempo integral, leu o livro de Linda e decidiu ensinar a linguagem de sinais ao filho Nicholas (veja vídeo ao final da página). Ele tinha oito meses. “Resolvi aplicar com o Nick depois de ler muito e entender que a frustração e as birras estão relacionadas ao fato do bebê não conseguir expressar o que quer”, escreveu. Hoje a mãe define Nicholas, com pouco mais de três anos, como um “menino esperto e capaz de lidar muito bem com frustração”. “Acredito que isso tenha a ver, sim, com os sinais”.

Ela pretende ensinar a linguagem de sinais para os gêmeos Noah e Olivia, hoje com três meses, quando for a hora.

Método se baseia na associação dos sinais aos objetos, de maneira consistente, acompanhados da repetição da palavra.


Gestos brasileiros

No Brasil, a linguagem de sinais começou a ser difundida recentemente. Natália aprendeu com a especialista em estimulação pré-natal e infantil Paula Olinquevitch, diretora de Pesquisa e Desenvolvimento do Instituto Little Genius. Segundo ela, as mães podem começar a apresentar os sinais um pouco antes dos seis meses. A partir de cerca de oito meses – período que varia de bebê para bebê – os primeiros sinais começam a aparecer. Foi por volta desta idade que Bárbara olhava para a mãe e fazia sinais dizendo que estava com calor ou frio.

A cantora Wanessa Camargo também recorreu a Paula para aprender como mostrar ao filho José Marcus, de três meses, a linguagem de sinais. O curso é simples e dura cerca de duas ou três horas. As mães aprendem a parte teórica sobre os sinais e um repertório básico. “Na primeira aula as mães já aprendem vinte sinais”, diz Paula.

A linguagem de sinais para bebês não é tão complexa quanto a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). As crianças surdas, por exemplo, irão aprender toda a gramática de LIBRAS, linguagem que não será utilizada apenas por um período curto. Já as outras crianças só precisarão aprender os sinais para se comunicarem até o momento em que começam a falar. Até lá, os pais não podem se esquecer de continuar acompanhando os gestos com a linguagem verbal.
Após um tempo, a criança associa o sinal ao objeto.


Entre sinais e palavras

Para Camila Reibscheid, pediatra do Hospital São Luiz, em São Paulo, ensinar ao bebê a linguagem de sinais é uma atitude extremamente benéfica. “A criança realmente tem a capacidade de aprender”, comenta. Os receios de que os gestos substituam a fala e atrasem o desenvolvimento verbal da criança são refutados pela neuropediatra Saada Resende de Souza Ellovitch, especialista em neurodesenvolvimento. “(A linguagem de sinais) é um método alternativo, não prejudica a entrada auditiva. É uma entrada sensorial a mais para o cérebro”.

Esse estímulo pode fazer com que as crianças tenham um ganho de vocabulário e comecem a falar mais precocemente. Mas tudo depende do desenvolvimento natural da criança.

De acordo com o neurologista e neuropediatra Mauro Muszkat, da Unifesp, o bebê começa a processar o mundo primeiramente através da mediação gestual e intuitiva para depois chegar à linguística. Para ele, a linguagem de sinais irá, sim, estimular a comunicação verbal precoce. Mas o principal é pesar os ganhos e investir na sintonia com a criança. “A afetividade com que a mãe conduz o vínculo é mais importante na comunicação do que o estímulo”.

Vídeo do Nicholas, aos 11 meses, usando a linguagem de sinais:






quinta-feira, 5 de abril de 2012

Meu Pós-Parto...

O nascimento é um rito de passagem do mundo das águas para o mundo do “ar”. É interessante pensar que apesar da sensação corporal ser de leveza nas águas, é com a leveza do ar que descobrimos como podemos ser pesados.

Foram assim, para mim, estes últimos dias. Após a inauguração do Espaço Nascente, fui destruído por um quadro respiratório com muita tosse, mal estar e muco. Entrar no mundo do ar nem sempre pode ser fácil. Aprender a respirar. Aprender a se oxigenar.

Caí de cama com uma gripe terrível. Muita tosse, dores no corpo e muita mucosidade. Entrar no mundo do ar pode não ser sempre fácil. Afinal, temos que aprender a respirar.

Foi assim que me senti. Como se meu corpo estivesse em luta com o ar e se recusasse a se entregar. E produzisse muco, líquidos, como um apego ao mundo das “águas”. E vinha a tosse. Uma briga interna, buscando posicionar-me no aqui e agora.

Lembrei dos bebês que ao nascer, apresentam desconforto respiratório. Lembrei dos bebês que pequenos ainda são acometidos por dificuldades respiratórias de gravidades variadas, vivendo este mesmo conflito. A qual mundo pertenço? Em que meio estou?

Veio à febre, o elemento “fogo” apareceu. Grande agitação... Delírios febris!

A força transformadora do fogo, desorganizando meu esquema corporal para, depois, encontrar novo equilíbrio.

O muco vai se tornando espesso, se solidificando. Surge o elemento “terra”. E, assim, o conflito vai se resolvendo. Mesmo pesado, na leveza do ar, fico em paz com o respirar. A vida vai ficando melhor, mais aérea, mais água, fogo e terra...

Obrigado,

Carlos Eduardo Corrêa, o Cacá.