terça-feira, 21 de agosto de 2012

Os cuidados com a pele do recém-nascido e do lactente


A pele do bebê, logo ao nascimento, estruturalmente já é muito semelhante a do adulto, mas possui algumas peculiaridades.

O contato com o meio ambiente, ao nascimento, serve como estímulo para o desenvolvimento da função de barreira da pele contra possíveis agentes infecciosos, traumas mecânicos, perda de água e controle da temperatura corporal, além da existência de um manto ácido protetor. No caso do recém nascido prematuro, o uso das incubadoras serve para o controle destas funções até um melhor desenvolvimento da pele.

Nos cuidados diários do recém-nascido devemos evitar os banhos de longa duração, utilizando água morna e pouco sabonete, preferencialmente os indicados para uso infantil, afim de evitar a destruição do manto protetor. É importante, também, evitar o uso de cremes ou loções, salvo, em caso de indicação médica.

Devemos salientar a absorção cutânea aumentada na pele do recém-nascido(particularmente na área das fraldas e dobras cutâneas), principalmente nos prematuros, o que demanda um maior cuidado no uso de produtos tópicos, como por exemplo: corticosteróides, ácidos bórico e salicílico, como também a uréia.

Quanto à exposição solar é indispensável à proteção mecânica com a utilização de roupas adequadas, carrinhos de bebê com corbetura, guarda-chuva ou guarda-sol, lembrando que na praia, a areia reflete os raios solares, ficando mais exposto à radiação ultravioleta. Portanto, devemos utilizar o horário anterior às dez horas da manhã e após as dezesseis horas da tarde (não esquecer o horário de verão). Com o passar dos meses, a pele vai adquirindo maior resistência aos agentes físicos, sendo que em torno dos 12 meses já podemos utilizar filtro solar, dando preferência àqueles de uso infantil, pois são hipoalergênicos (existem várias marcas que podem ser indicadas pelo dermatologista ou pediatra).

Outro cuidado importante no verão é a utilização de roupas leves e evitar ambientes excessivamente quentes para não deixar que apareçam a miliária, popularmente conhecida como "brotoeja", pequenas bolhinhas avermelhadas, em áreas de maior transpiração, as quais ocorrem pela obstrução e inflamação das glândulas de suor. Se ocorrer, é necessário procurar um tratamento especializado.

Para o bebê é importante manter a higiene adequada, com trocas de fraldas sempre que ele se encontre molhado, evitando períodos longos sem trocas, podendo utilizar cremes de barreira (por exemplo, a base de óxido de zinco), prevenindo dermatites e infecções fúngicas que podem causar desconforto e prurido no lactente.

Higiene no ambiente do lactente é de extrema importância para evitar o aparecimento de doenças causadas por ácaros, como escabiose (sarna) e reação à picadas de insetos, que podem se apresentar com quadro clínico exuberante quando a criança for alérgica. Devem ser tratadas com anti-histamínicos (anti-alérgicos) via oral e cremes com corticóides e antibióticos, esses sendo indicados apenas por médicos.
Particularmente na pele dos lactentes após os 6 meses de idade, que apresentem pele ressecada com prurido, pode ser utilizado amido (MAISENA) no banho, lembrando de evitar os banhos excessivamente quentes. Nestes pacientes com antecedentes de alergia (rinite, bronquite e sinusite) ou pais com dermatite/eczema atópico orientamos, além de manter hidratação cutânea adequada, também o uso de tecidos de algodão e cores claras para as roupas.

É interessante lembrar que existem inúmeras doenças de pele no período neonatal que são transitórias e que desaparecem espontaneamente e, que a pele do lactente apresenta, em geral, ótima cicatrização e regeneração. Portanto, em qualquer alteração cutânea, deve-se procurar auxílio especializado por meio de dermatologistas e pediatras, que irão indicar o tratamento adequado e cuidados específicos para cada doença.


Wellington Furlani
Dermatologista