quarta-feira, 6 de março de 2013

Aleitamento: o empoderamento das mulheres no pós-parto.

Foto/Arquivo: Fafi e Geandre, pais do Guido.
Por Carlos Eduardo Corrêa, o Cacá (Pediatra e Neonatologista). 

Acho interessante fazer uma reflexão sobre como a lógica do parto normal versus cesárea se aplica ao aleitamento materno. Cada vez mais assisto a situação de desempoderamento das mulheres quanto à forma de alimentação de seus filhos, principalmente quando eles não correspondem a média de peso mesmo que cresçam em estatura. Porque este empoderamento não continua no pós-parto? O que está faltando? 

Neste momento que se discute tanto os direitos da mulher, de escolha de acompanhante, direito de um parto respeitoso... Não deveríamos continuar buscando o direito de alimentar seu filho de forma respeitosa e favorecedora de formação de um vínculo familiar mais forte, sendo o aleitamento materno um excelente caminho? 

Deveríamos discutir intervenções médicas desnecessárias como complementação por fórmula que cada vez assisto mais, mesmo num contexto de humanização de assistência. 

Assim como o parto natural é a forma fisiológica e portanto natural de trazer os bebês ao mundo, sugiro uma reflexão. Quando uma mulher é convencida da sua incapacidade de alimentar naturalmente sem que o motivo seja válido estamos no mesmo contexto de violência contra a mulher. A proteção à amamentação é tão importante quanto sua promoção e criar meios para as mulheres se informarem e se fortalecerem quanto à decisão de amamentar, sem cair na historia da curva média de peso considerando todos como média poderíamos acrescentar esta questão como direitos das mulheres de opção, decisão, baseados em princípios menos ortodoxos e reducionistas. 

Não considero o preparo das mamas necessário para o sucesso da amamentação. Porem preparar as mulheres para o que vem no pós-parto pode ser importante. Informá-las das pressões sociais e médicas que sofreram na amamentação pode ser poderoso como preparo para conter uma ação intervencionista desnecessária. 

Quando nasce um bebê nasce uma família. Esta necessitará ser empoderada continuamente nas diversas fases de desenvolvimento familiar.