quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Felicidade é o grande remédio

Texto de Cíntia Dalpino

(...)

É mais fácil prescrever um remédio para a dor de cabeça do que saber porque aquela pessoa está preocupada. É simples e rápido dar um diagnóstico com uma prescrição. O sintoma some, a pessoa se sente curada. Mas o problema continua lá.

Porque o problema, na maioria das vezes não é a doença. E sim o que a causou.

Na vida temos essas descobertas. E com a maternidade, talvez isso tenha ficado tão evidente que seja difícil não enxergar. A felicidade, o bem estar, a conexão humana.. está tudo intimamente ligado com a saúde.

Me lembro que quando a Eva era pequena fui ao nosso pediatra, o Carlos Eduardo Correa, carinhosamente chamado de Cacá. Eu tinha o hábito de colocá-la numa piscininha com água gelada no fim de tarde com uma amiguinha do prédio. Era o meu ‘happy hour’. Elas brincavam na água, se divertiam, saiam peladas correndo e, mesmo no frio, aquilo tinha um efeito mágico no nosso dia.
Quando relatei aquele fato para o Cacá, com medo de que aquilo fosse usado contra mim caso ela ficasse resfriada, ele deu uma sonora gargalhada. “Mas que delícia! Pode ir na piscininha! Se faz vocês felizes, faça isso!”. E fizemos por meses seguidos, até a amiguinha se mudar de prédio e perdermos a companhia.

Ela nunca ficou resfriada por conta disso.

Mas aquela não foi a primeira vez que ele prescreveu felicidade. No pós parto da Eva ele me fez perceber que eu estava incomodada com as visitas e prescreveu uma viagem para que a Eva parasse de chorar todo fim de tarde. Funcionou. Na praia por 20 dias, não houve um choro sequer.

E assim, cada vez que eu ia numa consulta, aprendia um pouco. Enquanto entendia a mim mesma, percebia como a resolução dos meus problemas, das minhas carências, da minha confusão, estava relacionada com a saúde da minha filha.

Os sintomas eram tratados, mas o olhar cuidadoso daquele médico com a nossa família é que curavam de verdade. Era ele quem me fazia contar sobre como eu me sentia em relação à maternidade, à falta de tempo, desabafar sobre meus medos, minhas angústias e as inseguranças que me afligiam.



Posso afirmar com todas as letras que nunca houve uma doença na minha casa que não estivesse relacionada com nosso estado de espírito. Porque quando eu enxergava as semanas que antecediam os sintomas físicos, podia ver tristeza, podia ver medo. Podia ver algo que não estivesse relacionado à felicidade.

Felicidade cura. Ela está relacionada à imunidade. Hoje existem até mentores da felicidade que levam o conceito de felicidade para ‘curar’ crises em grandes empresas. Segundo o empresário Maurício Patrocínio, criador do programa Discutindo a Felicidade, esse é o grande ‘remédio’ atual. Por isso faz palestras por todo o Brasil, ajudando a levar felicidade nas empresas. O impacto? Imediato. Reflete nas vendas, reflete na produtividade. reflete no lucro. reflete em tudo.

Porque agora as pessoas perceberam que não adianta ser perito nisso ou naquilo. No dia a dia, se o cara mais capacitado do mundo não estiver bem consigo mesmo, não consegue desenvolver um bom trabalho.
Talvez seja por isso que tenhamos tantas pessoas doentes. Tanta gente infeliz.

Falta felicidade. Faltam referências que nos libertem para que possamos olhar com amor para nós mesmos, e para as nossas relações. Para a nossa vida. E possamos olhar para a manutenção da felicidade de uma maneira real. Sabendo que é um antídoto para tudo.
Que saibamos perceber que mais importante que fazer desse ou daquele jeito, é mais eficaz a maneira como fazemos. O amor que colocamos nas relações e no cuidado com as crianças e com nós mesmos.

Como diz o Cacá, nosso Patch Adams brazuca, citando sabiamente Jung “Por mais que eu conheça técnicas, por mais que eu domine técnicas. Diante de um ser humano, que eu seja outro ser humano”.

É isso.